Mostrar mensagens com a etiqueta desabafos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta desabafos. Mostrar todas as mensagens

23 de maio de 2008

39 dias...

É o que me falta para me ver livre de fazer algo que absolutamente odeio, que só dá problemas inesperados, e me caiu nas mãos porque me ofereci inocentemente para dar uma ajudinha há mais de meio ano atrás. Como dizem os anglo-saxónicos, "No good deed goes unpunished".

Há duas coisas que nunca pensei dizer. A primeira é estar tão feliz por o contrato estar a acabar. A segunda é sentir a falta de trabalhar com merda. Literalmente. =)

Deixo-vos com um cover da música dos Europe, "The final countdown". Esta versão é dos Laibach. As coisas que se descobrem quando se vai um bocadinho além do óbvio numa pesquisa...

16 de maio de 2008

Mau feitio

Mau feitio. Conhecem a expressão?
Precedam com um "Hoje estou com", e pelo meio coloquem um "muito". Foi assim que acordei. E me mantive durante a viagem para o emprego - esta musica não serviu para me acalmar muito, preferia ter tido esta a jeito.

Em que se traduz eu estar com muito mau feitio? Não, não desato aos berros com a primeira pessoa que apanho, não sou mal educada com ninguém (até porque acho que não há nada que justifique ser-se mal educado com seja quem for), nem sequer andei de trombas a tratar toda a gente aos pontapés.

Simplesmente deixo de ter paciência e/ou tolerância para com erros e abusos, e se fazem algum comentário mais infeliz ou provocatório acabo por dizer exactamente o que me vem à cabeça. Ou seja, não deixo nenhum espertinho cortar à minha frente no trânsito, não tenho safar alguém de sarilhos em que se meteu sozinho, e coisas no género. E o que me vem à cabeça a maior parte das vezes traduz-se num comentário mordaz, certeiro e dependendo da situação, cruel.

Chegei ao trabalho, cumprimentei os colegas com um sorriso como sempre, falei com o chefinho e tentei resolver a última embrulhada que apareceu do nada no projecto a meio do qual comecei. Felizmente não estava lá a colega da qual herdei o outro projecto, ou não sei se conseguiria manter o meu mau feitio silencioso. Troquei dois dedos de conversa com o colega italiano, que tinha substituido o café da máquina por um da nicarágua que tinha trazido, e ajudei-o a traduzir para português o texto simpático que ele tinha feito para anunciar a mudança de café e o facto deste ser grátis. O comentário que recebi quando voltei com uma chávena de café (em vez dos copos de plástico que praticamente todos usam) serviu para me animar. "Sei la migliore di tutti". Detesto tomar café em copos de plástico. A máquina de café não é daquelas que cospe obrigatoriamente um copo de plástico. Logo, trouxe uma chávena de café de casa, para poder tomar o meu rico cafézinho como deve ser tomado. Um gesto apreciado por alguém com a cabeça no lugar.

Cheguei à conclusão, sem sombra de dúvidas, de que detesto o que estou a fazer agora. Abomino estar com a parte final de dois projectos, a aturar as chatices com que contava, e mais umas quantas que já deveriam ter sido resolvidas há séculos, mas que saltaram para fora só para me queimarem. (Ou tentarem queimar, que eu tenho reflexos rápidos e alguma imunidade ao calor.) Do grupo de cerca de 20 pessoas, só gosto de meia dúzia delas, que por acaso até são as que acho competentes. Começa-me a fazer espécie a falta de método, e estar cada equipa a acudir a qualquer um dos projectos consoante qual estiver mais próximo de um prazo, em vez de estar uma pessoa responsável por um projecto do início ao fim. E finalmente, acho frustante não terem sido tomadas em consideração a minha opinião e estratégia para o projecto herdado, que fariam evitar muitos dos problemas que tinha previsto há meses e que agora estão a aparecer por magia.

Os projectos estão a acabar. Não sei se haverá dinheiro para me manterem, mas desconfio que não vou querer ficar. A não ser que surja algum projecto de que goste muito, mas muito mesmo. E acho que vou ter de ser mais escorregadia que uma enguia para não levar com as consequências de erros cometidos muito antes de eu ter entrado para a equipa.

Não sei o que o futuro me reserva. Conhecendo-me, e o meu percurso de vida, só posso concluir que será inesperado. E que as coisas se vão compôr no fim.

Alea jacta est.

31 de março de 2008

Há quem não perceba o que são FÉRIAS...

Sexta-feira à tarde.
Telefono à gráfica que me anda a moer o juízo com a incompetência pegada, para relembrar que é para enviarem as últimas versões dos posters até ao final da tarde. E informar que, como vou estar de férias na semana seguinte, devem enviar tudo para a minha colega (que os contratou). Sim senhora doutora, respondem-me, enviamos já a seguir. (Nem me apeteceu corrigir o "Doutora". Serve. No ponto em que a situação está, não vou prescindir do título, mesmo sendo o incorrecto).

Receberam o email? É que eu também não...
Envio um novo email a perguntar o que aconteceu aos posters.

Segunda de manhã
Tal como estava a prever, só enviaram os posters de manhã, e esqueceram-se de encaminhar para a minha colega. Verifico que estão quase todos bem, e encaminho para a pessoa certa. Envio as correcções a fazer à gráfica, aproveitando para relembrar que deviam ter chegado na sexta-feira e que, como estou de férias, devem encaminhar os emails para a minha colega. Envio um email ao chefe com o ponto da situação e um mini relatório de progresso doutro projecto.

Volto para a cama para dormir mais um bocadinho. Afinal de contas, só tinha posto o despertador para de manhã cedo porque tinha a certeza que os ... da gráfica iam fazer asneira.

Acordo de vez, e vou ver as novidades no email. Vá lá, os tipos da gráfica já perceberam que não é comigo que têm de falar esta semana. Lamento, vão ter de falar com a senhora que se chateia com eles por não adiantarem o trabalho, em vez de lidarem com a senhora que impõe prazos e aponta as correcções de uma forma simpática e educada. Tinha era um email com umas dúvidas sobre o conteúdo do site. Respondo, explicando tudo com detalhes, e reenviando os ficheiros no caso de serem precisos. E já agora, explico que estou de férias, e que as respostas urgentes serão com a minha colega.

Tecnicamente, estou de férias e nem sequer tinha de verificar o mail. Tecnicamente, este projecto não é meu e só estou a dar uma ajudinha para ver se não atrasa mais. Mas não consigo deixar as coisas por resolver... Não quando são coisas simples que em meia hora, uma no máximo, estão tratadas.

(Só espero que quando voltar o processo não tenha ficado encalhado no mesmo ponto... Afinal de contas a minha colega, que era a responsável do projecto, só o deixou atrasar ano e meio...)

20 de março de 2008

Cansada...

Sinto-me exausta. Sem forças. Andar é um esforço, subir escadas quase impossível. Cada vez que chego a casa, só me apetece esticar-me no sofá a ver um episódio de qualquer coisa e dormir. A maior parte das vezes adormeço mesmo... E mesmo assim continuo cheia de olheiras.

Não percebo. Ou estava com o sono MESMO atrasado, ou a hora a que estou a tomar os comprimidos é a pior possível. Hoje experimentei trocar a hora. Vamos ver se resulta...

(Começo a achar que estou num daqueles meses em que não devia de ter saído da cama....)

1 de março de 2008

Aulas de etiqueta e profissionalismo - já!

O governo andou a fazer tanto alarido com as aulas de inglês na primária, e esquecue-se de algo muito mais importantes. Aulas de etiqueta, boas maneiras, civismo e profisisonalismo. Logo na pré-primária. É mais do que urgente, e evita que eu tenha de gramar com emails proffissionais cujo texto é... (transcrição exacta)
"




"
Exactamente o que leram. Nada! Nicles! Népia! Ponta de ... !

Isto para enviar um anexo ao qual se referiam mais ou menos vagamente no assunto. Não estou a pedir um email formal, do estilo (podem copiar e usar em emails futuros para impressionar)
"Ex.ma Sr.ª Eng.ª

É com enorme prazer que lhe enviamos em anexo o ficheiro [tal], conforme combinado telefonicamente.

Esperando que corresponda às suas expectativas, subscrevemo-nos com a mais elevada consideração.

Com os melhores cumprimentos,

[assinatura]"

Um mail mais informal servia. Algo deste estilo (e eu detesto o bom dia/boa tarde, mas parece que se estão a impôr ao Cara(o) [nome])
"Boa tarde,

Segue em anexo o ficheiro.

Cumprimentos,

[assinatura]"


Porra, até um:
"Bacana,

aqui estão as cenas.

Tásse

[nome]"
é melhor do que nada. Pelo amor da santa, não usem este último formato de mail para ninguém da vossa vida profissional. Entre amigos escapa, mas profissionalmente, é o equivalente a um tiro com bala expansiva no próprio pé.

E se mandarem um mail formal, leiam outra vez o texto e pensem se faz sentido ou não. Não serve de nada enviar um monte de palavras caras, se não fazem nexo ou estão mal utilizadas. Melhor escrever num estilo simples e directo, que passar por ignorante pomposo. Como neste exemplo
"Exma senhora,

Na sequência da vossa visita à nossa instalação industrial, somos por este meio a solicitar a V. Exas [blá blá blá]

Grato pela atenção dispensada, subscrevo-me como os melhores cumprimentos."
SOMOS por este meio A SOLICITAR?!?! Não repararam na discordência e falta de nexo da frase?!? A falta de um verbo a indicar a acção?!? Não seria melhor um "vimos por este meio solicitar"??

Tenho que ler cada um...


27 de fevereiro de 2008

Tinha-me esquecido..

... de quanto o raio do medicamento é rápido a actuar! Ainda só tomei 2, e já tenho os efeitos secundários todos - enjoo, tonturas, andar eléctrica...

*suspiro*

Mais uns diazinhos e devem passar. Espero. De qualquer maneira é melhor não tomar de manhã... Dá-me muito jeito estar em condições de conduzir quando saio de casa!

25 de fevereiro de 2008

Consulta de psiquiatria

Hoje fui experimentar um psiquiatra, escolhido mais ou menos ao acaso. Liguei para o apoio a clientes do seguro de saúde, e pergunto quais são os consultórios acordados em Lisboa, na zona tal. Tinha outros contactos, mas não só tinham consulta para mais tarde, e não tinham acordo. E eu acho que já gastei mais do que suficiente em médicos nos últimos tempos.

Chego ao consultório uns minutos antes da hora. Preencho a ficha. E espero. Espero. Farta de esperar, pergunto à recepcionista se dá tempo para ir lá abaixo tomar um cafézinho. Para meu azar, a paciente que lá estava resolveu sair naquele momento. Bolas. Devia ter perguntado antes...

Entro. É um consultório agradável, e para meu espanto vê-se monsanto. Comento, e ficamos uns minutinhos a conversar sobre a vista, alguns objectos de decoração de que gostei, e sobre o meu trabalho. O suficiente para conseguir relaxar um bocadinho, e falar do que me levou lá. Expliquei em traços largos que achava estar deprimida, que não era a primeira vez, e como tinham passado as anteriores. E como da última vez a depressão parecia ter vindo do nada, e esta para lá caminhava.

Não falei muito. Não me apetecia, nem tinha forças para isso. Ambos sabíamos porque estava lá. Ambos sabíamos qual era a solução. Ele acertou à primeira no medicamento, quase que dissemos o nome ao mesmo tempo.

Fez mais perguntas a que respondi. Mas dava para ver na minha cara, olhos e postura o que se passava na alma. Sou demasiado transparente a maior parte do tempo...

Gostei do médico. Deu-me o número de telemóvel para lhe ligar se tivesse quaisquer problemas com a medicação, ou esta não funcionar. Não me impingiu psicoterapia, e ainda disse que posso beber um copo de vez em quando.

As coisas estão a começar a compor-se...

20 de fevereiro de 2008

Socorro!!!

Estou completamente viciada em fazer testes! Fiz uns 20 na última meia hora!!!

Alguém conhece um bom programa de recuperação para testaólicos anónimos???

18 de fevereiro de 2008

Ela anda aí...

Sinto-a a rondar-me. A tirar medidas, à procura de uma fraqueza. Não a consigo ver, mas ela não actua assim. Esconde-se nos cantos escuros, procurando uma oportunidade de atacar à traição.

Insinua-se lentamente, roubando-me as coisas corriqueiras e as que me dão prazer. Tornando cada vez mais difícil levantar-me, sair, comunicar. Vai apertando o cerco, sufocando-me lentamente. Quero sair, mas quando dou por mim já estou enredada na sua teia subtil...

Estou a cair nas suas garras, tentando desesperadamente agarrar-me a algo. É uma luta silenciosa, interna, da qual ninguém se apercebe. Não por isso se torna menos dolorosa e cruel. Como se estivesse em areias movediças, quanto mais me debato, mas me afundo.

Talvez devesse parar. Desistir de lutar, e deixar-me afundar tranquilamente. Quem sabe a cabeça fica à tona? E se não ficar, será que faz diferença? Estou cansada. Muito. Quero descansar, e deixar esta luta para trás...

Porra! Já mereço um pouco de paz e sossego!

Será?...

13 de fevereiro de 2008

A atingir a massa crítica

Hoje não está a ser um bom dia.

Estou quase quase a atingir a massa crítica, e se lá chegar, preparem-se para a explosão. Depois não se queixem que não avisei. Um "bom dia" passa, mas não se estiquem com perguntas parvas do tipo "tudo bem?".

A manhã foi um desastre, com os da gráfica a desaparecerem outra vez a meio processo, as pessoas que necessito para resolver os problemas não estão contactáveis, e não posso desatar aos murros ao primeiro paspalho que me resolve cortar o caminho, até porque os paspalhos não são completamente estúpidos e quando estou com MUITO mau feitio costumam abrir alas, e só não desenrolam o tapete vermelho porque não o têm à mão.

Já vou no 3º ataque de pânico, não consigo dizer frases sem trocar metade das palavras por outras, e parece que o almoço quer voltar a sair por onde entrou. Ah, sim, e não consigo parar de tremer e fazer gestos repetitivos...

E para ajudar a relaxar e concentrar no trabalho que posso fazer sozinha, as gralhas do gabinete ao lado resolveram pôr-se na conversa tão alto que parece que estou lá.

Perdi um dos telemóveis, e o outro ficou sem bateria no dia em que me esqueci da porcaria do carregador. E ainda me esqueci que estava quase sem gasolina, e tive de voltar atrás para ir à bomba e não ficar no stress perene de saber se os vapores de gasolina chegam para ir ao trabalho e voltar a casa. Acho que nunca tinha visto o ponteiro tão em baixo - nem levantou um milímetro quando liguei o motor.

E o raio do ipod também está a ficar sem carga, mas acho que tenho o carregador algures.

Só falta acontecer mais alguma para eu me passar e berrar um "foda-se!" digno de partir vidros. Ou matar alguém. Pensando bem, um "foda-se!" tem menos hipóteses de dar em cadeia...

11 de fevereiro de 2008

Impressão minha...

... ou esta coisa dos testes é viciante?

Mesmo que não acertem, e sabendo que são altamente generalistas, tenho de me conter para que "este é o último....". "Bem, só mais um..."

31 de janeiro de 2008

É desta...

A dúvida insidiosa está a começar a tornar-se numa certeza.

As pessoas não gostam de mim.

E o pior, é que eu ligo a isso.

F*da-se.

22 de dezembro de 2007

É Natal! Vamos albaroar os outros!

Estava a voltar para casa, depois de fazer algumas compras de Natal, e de comida, tentando fugir do supermercado que estava a ficar alarmantemente cheio de pessoas apressadas a queres a todo o custo passar através dos outros. Não é passar à frente, é mesmo através dos outros - a pressa e o frenesim natalício é tanto que nem podem dar a volta à pessoa/carrinho de compras/pilha de coisas que estão à frente. E falharem as paredes e os escaparates de compras já é uma sorte!

Enfim, sai do supermercado incólume, e do parque de estacionamento sem grandes problemas, e até conseguir passar para a fila dos carros que NÃO queriam entrar no supermercado sem grandes problemas. Só que havia trânsito. Muito.

Suspiro, e tento lembrar-me dos atalhos a que o meu pai desde cedo me habituou. A estratégia de ir para onde os outros carros não estão, e depois de passado o pior tentar encontrar a estrada certa, nunca me tinha falhado. Que me lembre. (Enfim, isso também não interessa nada.)

Lá vou dar a uma estrada secundária com duas faixas, e sigo toda contente atrás de um jipe na faixa da direita. Apercebo-me que um pouquinho mais à frente há a junção com outra estrada do lado direito, mas fico convencida que a minha faixa continua a existir (graças ao jipe que me tapou a visibilidade). Assim que reparo que há um estreitamento, chego-me à faixa da esquerda, aproveitando um espacinho que o condutor da outra faixa deixou, e agradeço. Pensando que a situação desse lado estava resolvida, concentro-me em evitar o autocarro que me está a querer apertar na (nova) faixa da direita.

Quando olho para o lado, apanho um susto do caraças. O carro que eu achava que me tinha deixado entrar, resolve tentar albaroar-me, com um ar furioso. A esposa do casal de meia idade põe-se aos gritos comigo "não há pisca? Não há pisca?" com um tom tão alto que, com os vidros de ambos os carros fechados, e eu com o rádio ligado, a consegui ouvir perfeitamente. Não contentes com a proeza, aceleram e batem com o espelho deles no meu!

O descaramento! Fiquei furiosa como raramente fico, com uma vontade enorme de sair do carro e partir o carro deles todo pela falta de educação e respeito!!! É o meu carrinho novo!!! Estamos n(a porra d)o Natal!!! Não é suposto ser uma época de paz e boa-vontade entre os Homens?!? Ainda por cima, os ca...ramelos queriam passar para a faixa da direita!!! A sorte deles foi a carrinha que ficou à minha frente os ter deixado passar, senão ia haver bronca da grossa! Logo eu que costumo fazer de tudo para não estorvar o transito, e raramente buzino! Aliás, a maior parte das vezes nem consigo encontrar a buzina a tempo!

Enfim, assim que me acalmei (e custou!), este episódio fez-me pensar no Natal, e no seu significado. Sim ,sim, toda a gente fala na paz e boa vontade, as prendas e o crescente materialismo, a comida , as decorações iluminadas e parafernália do género. E ouve.se sempre dizer que o Natal já não é o que era, que as pessoas estão cada vez mais materialistas e egoístas, bla bla bla...

Na realidade, o que se passou não foi muito poético. Numa cidade a abarrotar por causa do recenseamento, um casal com a mulher muito grávida tenta encontrar um sítio para come e descansar, e guarida para passar a noite. Ninguém teve compaixão por eles, e deixaram-nos rumar à deriva na noite do deserto, com fome, frio, exaustos e ainda sem se terem recenseado. (ou seja, com a perspectiva de uma seca monumental no dia seguinte). O único sítio que encontraram para o tão ansiado descanso foi um estábulo com uma vaca e um burro. A pobre da Maria, depois da longa viagem a pé, e do esforço todo, entrou em trabalho de parto sem a ajuda de ninguém. Por sorte, um Sol entrou em supernova, destruindo o que restava daquele sistema solar e eventuais planetas habitados, e iluminando melhor o céu da Terra, permitindo que se visse o bebé a nascer. Tiveram que se enroscar nos bichos para não congelar, com o bebé sem roupinho e limpo mal e porcamente com a palha que estava à mão. Tiveram de esperar duas semanas para que chegassem os reis magos com antibiótico e antisséptico (incenso e mirra, por isso é que eram tão valiosos na antiguidade), e uns trocos para eles poderem voltar para casa. Ah, sim, e quando chegaram os reis magos, o povo todo que os tinha desprezado apareceu para adorar o menino. Se calhar um bocado de apoio antes teria dado jeito, não?

Pensando bem, depois do tratamento que a Maria, o José e o bebé Jesus tiveram das pessoas da época, os ca...ramelos de hoje em dia não são muito piores. Infelizmente, também não são muito melhores, mas há raras excepções.

3 de dezembro de 2007

Dia de merda...

O dia tinha começado mal. Estava constipadissima, não tinha dormido nada de jeito por não poder respirar, e ainda por cima o telemóvel resolveu piar baixinho para me acordar. Ou seja, acordei tarde, só deu tempo de me vestir a correr, engolir um iogurte e sair porta fora. (Eu sem tomar duche de manhã para acordar bem fico com mau feitio. Mesmo.)

Já não estava muito bem disposta quando saí de casa, e pior fiquei quando não conseguia encontrar o carro. Depois de subir a rua, descer a rua, lembro-me que tinha ficado quase em frente da porta de casa, e eu não o tinha visto. O carro não é escuro nem prateado como a maioria dos carros, nem sei como não o vi. Deve ser da constipação, que me estava a afectar as capacidades cognitivas.

O caminho para o trabalho correu bem. Mais nabo, menos besta, consegui desviar-me de todos os obstáculos e chegar ao trabalho sem que nenhum dos outros carros tenha conseguido entrar pela porta do passageiro. Bem que tentaram, mas eu não deixei. Era o que faltava, o carro é meu e só lá entra quem eu deixo!

O dia de trabalho não começou muito bem. As análises que queria fazer... grupe. Já cheguei tarde e alguém tinha ocupado o material antes de mim. Grunf. "Enfim, pelo menos faço as diluições, assim amanhã tenho o trabalho adiantado" pensei eu. Começo a tentar pipetar o conteúdo dum dos reactores, e nada. Estava demasiado denso para pipetar. Tento vazar um bocadinho para um copo, com esperanças de não apanhar nenhum grumo. Mais uma vez, nada de pipetar, mas consegui esvaziar um copo. Uma bela quantidade de bosta de vaca direitinha para as minhas calças. Lindo.

Chateada que nem um peru, levanto-me e começo a limpar as calças e a bancada com papel. Vou à casa de banho tentar limpar um pouco melhor com água e detergente, mas é inútil. Já furiosa, saio disparada direitinha à porta de saida, respondendo com um "vou às compras!" a que me pergunta onde ia a meio da manhã.

Depois de um par de calças novas e as pernas bem lavadas, já me sentia um pouco melhor. Consegui não deixar o carro a tresandar como um estábulo mal limpo, mas perdi a hora de almoço e uma sandes do mac não é refeição. Aliado ao facto de que a constipação estava a actuar em força, fez com que a parte da tarde não fosse nada produtiva. Não conseguia pensar, não me mexia com a agilidade usual, e parecia que estava a ouvir tudo no fundo de um poço. A única coisa boa é que a montanha de ranhoca em constante produção no nariz me impedia de notar no cheiro nauseabundo do laboratório. Ao menos alguma vantagem tinha de ter.

Ainda tinha de fazer as diluições. E continuava com o dilema de a pipeta entupir. Até que uma colega me disse - "Porque não usas as pipetas cortadas?" Duuuuuh! Era óbvio que devia ter feito isso. Já as tinha usado das outras vezes. Porque não me tinha lembrado disso antes? Escusava de ter tomado banho de merda! Em menos de uma hora tinha as diluições feitas e estava despachada.

Só me restava ver o mail, e descobrir que tinha faltado a uma reunião que julgava ser dois dias depois. Não era obrigatório eu ir, mas teria dado jeito ter ido em vez de ver saber os resultados em segunda mão.

Moral da história - quando estou constipada, só me acontece merda.

11 de setembro de 2007

Chamam a isto jornalismo?!?

Tive a lamentável ideia de ver o telejornal da noite hoje. Em horário nobre. E na sic. Qual é a primeira "reportagem" que apanho?

Uma sobre o monumento, em Lisboa, de homenagem às vítimas do 11 de Setembro. Ok, está no dia do 6º aniversário, e têm de encher chouriços para o telejornal durar 2 horas (com muiiiita publicidade no meio, e avisos de "não perca, já a seguir..." seguido de uma das 4 ou 5 notícias que interessam). Até compreendo que filmem o dito monumento, e expliquem um bocadinho da sua história. Entrevistarem pessoas (ou populares) na rua, a perguntar se sabem se existe um monumento de homenagem às vítimas do 11 de Setembro, é estúpido, banal e obviamente para encher chouriços, mas até passa. Afinal de contas, a populaça gosta de gozar com a ignorância dos outros.

Mas perguntarem aos entrevistados se acham que os lisboetas sabem da existência do dito monumento é esticar demasiado a corda. Se é para porem as pessoas a especular livremente, porquê limitar a pergunta aos habitantes de Lisboa? Porque não perguntar se os tripeiros, os escalabitanos ou os albicastrenses sabem da existência do monumento? Ou mesmo se os norte-americanos conhecem o monumento, e vêm visitá-lo aos magotes, comovidos com tão singela homenagem? ISSO é que era uma pergunta!

(Podem visitar o monumento na praça de Alvalade, se vi bem a fugaz imagem no telejornal. Infelizmente apanhei a "notícia" a meio.)

5 de setembro de 2007

Agosto acabou

O meu mês preferido em Lisboa acabou.

A altura ideal para trabalhar foi-se. (Ainda por cima este ano que até nem fez muito calor nem mais de 5 dias seguidos de Sol).

Já não posso ir a qualquer lado e qualquer hora de carro, e encontrar lugar para estacionar. E 80% das vezes à porta!

Acabou-se o privilégio de ter uma faixa da estrada só para mim, mesmo nas de via única.

Adieu ao luxo de arrancar com calma no semáforo, sem ouvir buzinadelas assim que aparece o verde.

Bye bye a poder passear a pé sem respirar fumo de escape ou do cigarro do caramelo à frente.

Ciao a fazer compras no supermercado sem esbarrar noutras pessoas, ouvir putos aos guinchos e ter de fazer fila de espera nas caixas.

A maralha voltou. Os vândalos estão de volta. Bronzeados e piores que nunca. E para a semana, quando acabarem os restinhos de melanina e de boa-disposição por vir de férias, ainda vão piorar.

Não querem ir todos de férias outra vez?

23 de agosto de 2007

Dia do camião

Hoje constatei que é o dia do camião. Ou melhor, o dia do camião com uma atracção louca pelo meu carro. Nos 10 minutos que levo a conduzir de casa para o trabalho, não menos de 5 camiões (e camionetas, mas isso não interessa nada) resolveram ocupar o mesmo espaço físico que o meu carro, obrigando-me a fazer manobras mais ou menos habilidosas para me desviar. Infelizmente não deu para fazer nenhum pião nem voar por cima doutros carros, senão já tinha um montão de pontos no carmaggedon!


*suspiro* Não se pode ter tudo!

31 de julho de 2007

Reminiscências do S.O.

Diz um paciente na ala masculina
- "Ó Maria... Ó Maria... Não fujas Maria, vem cá." (Repetido umas dezenas de vezes)
- "Largue-me! Já estou farto de o ouvir gritar! E pare de me chamar Maria" Responde o enfermeiro, de vozeirão grosso e mais que farto de aturar o velho.

Já de madrugada, na ala feminina
- "Larguem-me! Eu tenho de sair! Não posso ficar aqui retida! Vocês sabem quem eu sou?!?"
- "Se tinha de sair, para que é que fez o que fez?"
- "Vocês não sabem quem eu sou! Nem o que fiz! Se o fiz é porque tinha motivos muito fortes para isso! Quem é que acham que são para me julgar? Eu tenho de sair daqui!!!"
- "Sem alta do médico não vai a lado nenhum! E pode parar de procurar a sua roupa porque está guardada."
- "Eu saio daqui nem que seja de bata!"
- "Ó (nome)... vai ver se o médico está disponível..."

Murmúrios na cama do lado, escondida por uma cortina. A voz da mãe a tentar acalmar a paciente, e explicar que era o melhor sítio para ficar. E não, não era uma criança assustada. Era uma adulta na casa dos 50.

(E não, não são todas reminiscências da mesma noite. Mas, enquanto passei a noite em observação, na 3a, fui-me lembrando de cenas de outros internamentos de urgência. E só queria que aparecesse o Dr. House para descobrir num instantinho o que estava de errado comigo, e me despachar para casa. Felizmente que roubei umas revistas da sala de espera quando fui fazer o TAC, senão tinha morrido de tédio.)

spam, spam e mais spam (com insulto final)

Hoje lembrei-me de ver o mail num endereço antigo, que não usava há pelo menos 6 meses. Qual não é o meu espanto, tinha 821 mensagens novas. O meu primeiro pensamento foi - ora bolas, esqueci-me de cancelar umas mailing lists. Mas não. Excepto uma mensagem de boas-vindas ao novo sistema beta, era tudo spam. Bem, tudo tudo não. Havia uns quantos que, pelo assunto, me pareceram fraudes bancárias e não só. Felizmente que existe o select all para não perder mais de 2 minutos a apagar o lixo!

Já agora... Reactivei outro endereço de email na semana passada, e, para variar, tinham mudado o aspecto da coisa e apagado todas as mensagens. Não é muito chato, porque quase não o uso, mas tinha os dados de registo de alguns sites que davam jeito. Enfim, coisas que acontecem quando se confia na microfofo (é um endereço @hotmail.com). O mais chato foi dois dias depois. Embora tenha esse endereço há pelo menos 9 anos, há uma tipa qualquer na américa latina que implicou que o endereço é dela, e além de o dar a todos os amigos (e são mais que muitos) e usar para registar nas mailing lists, resolve periodicamente tentar anular a password para ficar com o endereço.

Como eu nunca descobri quem era a peça, e me fartei de responder aos amigos a avisar que tinham o endereço errado (e a insultá-los nos dias não...), fica aqui o recado:

Ó minha besta! Podes tirar o cavalinho da chuva que não me vais fanar o endereço de email! Primeiro, porque para anular a password é enviado um email para o endereço a confirmar a anulação da password, e só quem é o legítimo dono do endereço (ou quem tem a password original) é que o pode anular. Segundo, porque me dá muito jeito ter um endereço de email só para registar em sites e receber spam, para não conspurcar os outros endereços. Terceiro, porque me irritou a atitude, e é sempre bom ter uma base de dados de endereços de pessoas a quem posso insultar quando estou chateada. E se não percebes por não estar em espanhol, arranja um dicionário ou aprende uma língua de gente!

E pronto, foi o desabafo possível. Se alguém quiser endereços de pessoas para chatear, é só pedir!

Então era por isso...

Já farta de andar às turras com o corrector ortográfico do Word, resolvi procurar num dicionário online o significado de várias palavras. Uma das que sempre me irritou foi a palavra "órgão", por achar que não tinha de ter o acento no "O". Qual não foi o meu espanto, a resposta das duvidas linguísticas da Priberam foi a seguinte:

"Todas as palavras portuguesas (excepto pronomes átonos como me, te, lhe ou certas palavras gramaticais como de, a) têm um acento de intensidade máxima, que corresponde a uma sílaba tónica; essa sílaba pode ser marcada com acento gráfico na vogal (ex. água, mea, mido) ou não (ex. cama, lugar, peru). De facto, as palavras em português só podem ter um acento gráfico (excepto se se tratar de uma palavra hifenizada, como água-pé ou pré-histórico), acontece, no entanto, que o til não é um acento, mas sim um sinal diacrítico para indicar a nasalidade de uma vogal. É muito frequente, nas palavras que têm til, que o acento da palavra (que não tem de corresponder a um acento gráfico) coincida com o da sílaba que tem o sinal de nasalização (ex. amamentação, calções, corrimão, manhã), mas isso nem sempre se verifica."

Portanto o til não é um acento. Ia jurar que me ensinaram na primária que era um acento. Será que devo procurar todos os professores de português que tive, para pedir explicações?