Estava a voltar para casa, depois de fazer algumas compras de Natal, e de comida, tentando fugir do supermercado que estava a ficar alarmantemente cheio de pessoas apressadas a queres a todo o custo passar através dos outros. Não é passar à frente, é mesmo através dos outros - a pressa e o frenesim natalício é tanto que nem podem dar a volta à pessoa/carrinho de compras/pilha de coisas que estão à frente. E falharem as paredes e os escaparates de compras já é uma sorte!
Enfim, sai do supermercado incólume, e do parque de estacionamento sem grandes problemas, e até conseguir passar para a fila dos carros que NÃO queriam entrar no supermercado sem grandes problemas. Só que havia trânsito. Muito.
Suspiro, e tento lembrar-me dos atalhos a que o meu pai desde cedo me habituou. A estratégia de ir para onde os outros carros não estão, e depois de passado o pior tentar encontrar a estrada certa, nunca me tinha falhado. Que me lembre. (Enfim, isso também não interessa nada.)
Lá vou dar a uma estrada secundária com duas faixas, e sigo toda contente atrás de um jipe na faixa da direita. Apercebo-me que um pouquinho mais à frente há a junção com outra estrada do lado direito, mas fico convencida que a minha faixa continua a existir (graças ao jipe que me tapou a visibilidade). Assim que reparo que há um estreitamento, chego-me à faixa da esquerda, aproveitando um espacinho que o condutor da outra faixa deixou, e agradeço. Pensando que a situação desse lado estava resolvida, concentro-me em evitar o autocarro que me está a querer apertar na (nova) faixa da direita.
Quando olho para o lado, apanho um susto do caraças. O carro que eu achava que me tinha deixado entrar, resolve tentar albaroar-me, com um ar furioso. A esposa do casal de meia idade põe-se aos gritos comigo "não há pisca? Não há pisca?" com um tom tão alto que, com os vidros de ambos os carros fechados, e eu com o rádio ligado, a consegui ouvir perfeitamente. Não contentes com a proeza, aceleram e batem com o espelho deles no meu!
O descaramento! Fiquei furiosa como raramente fico, com uma vontade enorme de sair do carro e partir o carro deles todo pela falta de educação e respeito!!! É o meu carrinho novo!!! Estamos n(a porra d)o Natal!!! Não é suposto ser uma época de paz e boa-vontade entre os Homens?!? Ainda por cima, os ca...ramelos queriam passar para a faixa da direita!!! A sorte deles foi a carrinha que ficou à minha frente os ter deixado passar, senão ia haver bronca da grossa! Logo eu que costumo fazer de tudo para não estorvar o transito, e raramente buzino! Aliás, a maior parte das vezes nem consigo encontrar a buzina a tempo!
Enfim, assim que me acalmei (e custou!), este episódio fez-me pensar no Natal, e no seu significado. Sim ,sim, toda a gente fala na paz e boa vontade, as prendas e o crescente materialismo, a comida , as decorações iluminadas e parafernália do género. E ouve.se sempre dizer que o Natal já não é o que era, que as pessoas estão cada vez mais materialistas e egoístas, bla bla bla...
Na realidade, o que se passou não foi muito poético. Numa cidade a abarrotar por causa do recenseamento, um casal com a mulher muito grávida tenta encontrar um sítio para come e descansar, e guarida para passar a noite. Ninguém teve compaixão por eles, e deixaram-nos rumar à deriva na noite do deserto, com fome, frio, exaustos e ainda sem se terem recenseado. (ou seja, com a perspectiva de uma seca monumental no dia seguinte). O único sítio que encontraram para o tão ansiado descanso foi um estábulo com uma vaca e um burro. A pobre da Maria, depois da longa viagem a pé, e do esforço todo, entrou em trabalho de parto sem a ajuda de ninguém. Por sorte, um Sol entrou em supernova, destruindo o que restava daquele sistema solar e eventuais planetas habitados, e iluminando melhor o céu da Terra, permitindo que se visse o bebé a nascer. Tiveram que se enroscar nos bichos para não congelar, com o bebé sem roupinho e limpo mal e porcamente com a palha que estava à mão. Tiveram de esperar duas semanas para que chegassem os reis magos com antibiótico e antisséptico (incenso e mirra, por isso é que eram tão valiosos na antiguidade), e uns trocos para eles poderem voltar para casa. Ah, sim, e quando chegaram os reis magos, o povo todo que os tinha desprezado apareceu para adorar o menino. Se calhar um bocado de apoio antes teria dado jeito, não?
Pensando bem, depois do tratamento que a Maria, o José e o bebé Jesus tiveram das pessoas da época, os ca...ramelos de hoje em dia não são muito piores. Infelizmente, também não são muito melhores, mas há raras excepções.
Enfim, sai do supermercado incólume, e do parque de estacionamento sem grandes problemas, e até conseguir passar para a fila dos carros que NÃO queriam entrar no supermercado sem grandes problemas. Só que havia trânsito. Muito.
Suspiro, e tento lembrar-me dos atalhos a que o meu pai desde cedo me habituou. A estratégia de ir para onde os outros carros não estão, e depois de passado o pior tentar encontrar a estrada certa, nunca me tinha falhado. Que me lembre. (Enfim, isso também não interessa nada.)
Lá vou dar a uma estrada secundária com duas faixas, e sigo toda contente atrás de um jipe na faixa da direita. Apercebo-me que um pouquinho mais à frente há a junção com outra estrada do lado direito, mas fico convencida que a minha faixa continua a existir (graças ao jipe que me tapou a visibilidade). Assim que reparo que há um estreitamento, chego-me à faixa da esquerda, aproveitando um espacinho que o condutor da outra faixa deixou, e agradeço. Pensando que a situação desse lado estava resolvida, concentro-me em evitar o autocarro que me está a querer apertar na (nova) faixa da direita.
Quando olho para o lado, apanho um susto do caraças. O carro que eu achava que me tinha deixado entrar, resolve tentar albaroar-me, com um ar furioso. A esposa do casal de meia idade põe-se aos gritos comigo "não há pisca? Não há pisca?" com um tom tão alto que, com os vidros de ambos os carros fechados, e eu com o rádio ligado, a consegui ouvir perfeitamente. Não contentes com a proeza, aceleram e batem com o espelho deles no meu!
O descaramento! Fiquei furiosa como raramente fico, com uma vontade enorme de sair do carro e partir o carro deles todo pela falta de educação e respeito!!! É o meu carrinho novo!!! Estamos n(a porra d)o Natal!!! Não é suposto ser uma época de paz e boa-vontade entre os Homens?!? Ainda por cima, os ca...ramelos queriam passar para a faixa da direita!!! A sorte deles foi a carrinha que ficou à minha frente os ter deixado passar, senão ia haver bronca da grossa! Logo eu que costumo fazer de tudo para não estorvar o transito, e raramente buzino! Aliás, a maior parte das vezes nem consigo encontrar a buzina a tempo!
Enfim, assim que me acalmei (e custou!), este episódio fez-me pensar no Natal, e no seu significado. Sim ,sim, toda a gente fala na paz e boa vontade, as prendas e o crescente materialismo, a comida , as decorações iluminadas e parafernália do género. E ouve.se sempre dizer que o Natal já não é o que era, que as pessoas estão cada vez mais materialistas e egoístas, bla bla bla...
Na realidade, o que se passou não foi muito poético. Numa cidade a abarrotar por causa do recenseamento, um casal com a mulher muito grávida tenta encontrar um sítio para come e descansar, e guarida para passar a noite. Ninguém teve compaixão por eles, e deixaram-nos rumar à deriva na noite do deserto, com fome, frio, exaustos e ainda sem se terem recenseado. (ou seja, com a perspectiva de uma seca monumental no dia seguinte). O único sítio que encontraram para o tão ansiado descanso foi um estábulo com uma vaca e um burro. A pobre da Maria, depois da longa viagem a pé, e do esforço todo, entrou em trabalho de parto sem a ajuda de ninguém. Por sorte, um Sol entrou em supernova, destruindo o que restava daquele sistema solar e eventuais planetas habitados, e iluminando melhor o céu da Terra, permitindo que se visse o bebé a nascer. Tiveram que se enroscar nos bichos para não congelar, com o bebé sem roupinho e limpo mal e porcamente com a palha que estava à mão. Tiveram de esperar duas semanas para que chegassem os reis magos com antibiótico e antisséptico (incenso e mirra, por isso é que eram tão valiosos na antiguidade), e uns trocos para eles poderem voltar para casa. Ah, sim, e quando chegaram os reis magos, o povo todo que os tinha desprezado apareceu para adorar o menino. Se calhar um bocado de apoio antes teria dado jeito, não?
Pensando bem, depois do tratamento que a Maria, o José e o bebé Jesus tiveram das pessoas da época, os ca...ramelos de hoje em dia não são muito piores. Infelizmente, também não são muito melhores, mas há raras excepções.
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