31 de julho de 2007

Reminiscências do S.O.

Diz um paciente na ala masculina
- "Ó Maria... Ó Maria... Não fujas Maria, vem cá." (Repetido umas dezenas de vezes)
- "Largue-me! Já estou farto de o ouvir gritar! E pare de me chamar Maria" Responde o enfermeiro, de vozeirão grosso e mais que farto de aturar o velho.

Já de madrugada, na ala feminina
- "Larguem-me! Eu tenho de sair! Não posso ficar aqui retida! Vocês sabem quem eu sou?!?"
- "Se tinha de sair, para que é que fez o que fez?"
- "Vocês não sabem quem eu sou! Nem o que fiz! Se o fiz é porque tinha motivos muito fortes para isso! Quem é que acham que são para me julgar? Eu tenho de sair daqui!!!"
- "Sem alta do médico não vai a lado nenhum! E pode parar de procurar a sua roupa porque está guardada."
- "Eu saio daqui nem que seja de bata!"
- "Ó (nome)... vai ver se o médico está disponível..."

Murmúrios na cama do lado, escondida por uma cortina. A voz da mãe a tentar acalmar a paciente, e explicar que era o melhor sítio para ficar. E não, não era uma criança assustada. Era uma adulta na casa dos 50.

(E não, não são todas reminiscências da mesma noite. Mas, enquanto passei a noite em observação, na 3a, fui-me lembrando de cenas de outros internamentos de urgência. E só queria que aparecesse o Dr. House para descobrir num instantinho o que estava de errado comigo, e me despachar para casa. Felizmente que roubei umas revistas da sala de espera quando fui fazer o TAC, senão tinha morrido de tédio.)

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