Ontem estava muito bem na varanda a cuidar das minhas plantinhas, quando ouço um casal a discutir aos berros na rua. Tentei ignorá-los, obviamente, mas não ia deixar de fazer o que estava a fazer só porque um casal histérico resolve dar espectáculo na rua e se esquece de cobrar bilhete. Entre as palavras soltas que apanhei no ar, ouvi umas quantas de vezes "pouca vergonha", "deixas o puto em casa e andas por aí", "e eu bem te vi a falares com aquela gaja".
Na altura não liguei muito, mas depois deu-me que pensar. Não é a primeira vez que apanho um casal a discutir aos berros, e a fazer uma cena de ciumes, na praceta. Desconfio que tenha a ver com o café à porta do qual ocorrem a maior parte das discussões - a clientela é barulhenta, deixa os carros a bloquear metade da rua, e sempre que há futebol sabe-se logo quando e quem marcou golo (sem ligar a tv).
Não percebo duas coisas nestas cenas. A primeira, é qual a utilidade de desatarem aos berros no meio da rua, expondo a vida privada a toda a vizinhança e arriscando-se a ficarem sem voz no dia seguinte. Gritar não resolve nada. Lembro-me de a minha mãe contar que tinha uma professora que passava a vida a lembrar as alunas (era um liceu feminino) de que uma senhora não gritava. Na viagem de finalistas a Londres, assim que o avião levantou voo um grupo de alunas começou aos gritos de aflição. A professora admoestou-as, e elas retorquiram "e se o avião cair? Que vai ser de nós? Aiaiaiaiaiai". A resposta da professora foi magnífica: "se o avião cair, gritar não ajuda a que este se mantenha no ar. Portanto parem com a gritaria."
A segunda coisa que não percebo são as cenas de ciumes, e o andar atrás do respectivo(a) namorado(a). Escrutinar todos os detalhes da vida, vigiar os telefonemas, correspondência, ter um cúmplice que o(a) segue a todo o lado, e submeter a cara metade a apertados interrogatórios sobre onde esteve e com quem. E se aparece um fio de cabelo na roupa - está o caldo entornado! Não sei como uma pessoa pode ter pachorra para perder tanto tempo só a controlar outra.
Para mim, se se está com alguém, tem de se confiar. E a confiança deve ser total e absoluta, sem questionar nem hesitar. Senão não vale a pena investir numa relação. É desperdício de tempo e desgastante emocionalmente. Mas dá uma certa dose de animação de rua. E se não for às 3 da manhã, ainda melhor! (A primeira discussão aos berros que ouvi desde que estou nesta casa foi a essa hora. Aparentemente o rapazinho tinha ido deixar a casa uma amiga, e a namorada seguiu-o e não gostou. Teenagers!)
Na altura não liguei muito, mas depois deu-me que pensar. Não é a primeira vez que apanho um casal a discutir aos berros, e a fazer uma cena de ciumes, na praceta. Desconfio que tenha a ver com o café à porta do qual ocorrem a maior parte das discussões - a clientela é barulhenta, deixa os carros a bloquear metade da rua, e sempre que há futebol sabe-se logo quando e quem marcou golo (sem ligar a tv).
Não percebo duas coisas nestas cenas. A primeira, é qual a utilidade de desatarem aos berros no meio da rua, expondo a vida privada a toda a vizinhança e arriscando-se a ficarem sem voz no dia seguinte. Gritar não resolve nada. Lembro-me de a minha mãe contar que tinha uma professora que passava a vida a lembrar as alunas (era um liceu feminino) de que uma senhora não gritava. Na viagem de finalistas a Londres, assim que o avião levantou voo um grupo de alunas começou aos gritos de aflição. A professora admoestou-as, e elas retorquiram "e se o avião cair? Que vai ser de nós? Aiaiaiaiaiai". A resposta da professora foi magnífica: "se o avião cair, gritar não ajuda a que este se mantenha no ar. Portanto parem com a gritaria."
A segunda coisa que não percebo são as cenas de ciumes, e o andar atrás do respectivo(a) namorado(a). Escrutinar todos os detalhes da vida, vigiar os telefonemas, correspondência, ter um cúmplice que o(a) segue a todo o lado, e submeter a cara metade a apertados interrogatórios sobre onde esteve e com quem. E se aparece um fio de cabelo na roupa - está o caldo entornado! Não sei como uma pessoa pode ter pachorra para perder tanto tempo só a controlar outra.
Para mim, se se está com alguém, tem de se confiar. E a confiança deve ser total e absoluta, sem questionar nem hesitar. Senão não vale a pena investir numa relação. É desperdício de tempo e desgastante emocionalmente. Mas dá uma certa dose de animação de rua. E se não for às 3 da manhã, ainda melhor! (A primeira discussão aos berros que ouvi desde que estou nesta casa foi a essa hora. Aparentemente o rapazinho tinha ido deixar a casa uma amiga, e a namorada seguiu-o e não gostou. Teenagers!)
6 comentários:
Concordo plenamente: ou se confia, ou mais vale não haver relação nenhuma.
Quanto ao facto da discussão ser pública, é mesmo isso: temos show de borla!
Não concordo nada contigo!!!
Que seria dum filme de Fellini sem gritarias? Aliás que seria de toda a Itália? Porque achas que lá os sopranos tiveram a sua génese? E como achas que os deuses nos ouvem? num sussurro de oração? Hem?
E os bébés? Querias que nascessem a pedirem polidamente desculpa e a tossirem com a mão à frente da boca para desimpedirem a vias respiratórias de líquido amniótico e assim darem as suas primeiras golfadas com os pulmonecos?
Julgas que estás na suécia ou quê?
Contra os canhões gritar, gritar!
:-)
Na verdade, maguinha, aqui entre nós, que nunca me viste, quando inspiro o mais profundo terror é quando falo baixinho...muito baixinho...
quanto aos ciúmes. É o amor à latina! Olé!...
depois acaba tudo com uma enorme cena de sexo, é patético...como tudo o qque nos rodeia...
Sabes, eu gosto de observar tudo, até as gritarias na rua.. Desde que não me envolvam, que eu sou muito peace and Love, e as brigas fazem-me alergia! :P
Cenas de ciúmes têm limite. tudo o que é de mais enjoa e estraga o sabor! ;)
Lenib,
Mais uma das minhas! :) Eles bem que podiam oferecer pipocas quando resolvem dar espectáculo de borla.. :)
Rocket,
Felini é Felini, e nesse aspecto concordo, sem gritaria não seriam os filmes que são. Mas gritaria sem partir loiça não tem a mesma piada... Partir a loiça sem gritaria, isso até é giro. :)
Os bebés é um caso à parte - mas mesmo assim não estão sempre a gritar. (Felizmente que assim que se começa a falar perde-se a capacidade de berrar ininterruptamente sem ser interrompido pela respiração, senão tadinhos dos meus ouvidos...)
Concordo contigo no inspirar terror ao falar muito baixinho... É muito mais assustador quando não se vê a outra pessoa a desperdiçar energias com um berreiro!
Não sou muito adepta de ciúmes em excesso. Um bocadinho até dá algum sabor, mas demasiado fica intragável!
tá-se bem!,
Eu também detesto brigas, mas não me dão alergia! ;)
O ciume acho que é como o sal, um bocadinho dá sabor, mas demasiado torna tudo intragável!
Jinhos, e volta sempre! :)
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